O SNS QUE TEMOS E AQUELE A QUE TEMOS DIREITO

Ouvi,hoje, na rádio, um« político»,daqueles que tinham por obrigação ter um pensamento político estruturado sobre a saúde que temos e aquela a que temos direito, queixar-se.

Dizia ele que o problema é que se faltava um administrativo num centro de saúde este fechava

O mesmo acontecia se faltava um médico de determinada especialidade.

E que a autarquia , a que preside, nada podia fazer, também.

O melhor seria o Governo ponderar se seria ou não possível ao País suportar o peso orçamental da saúde.

E, se não fosse possível suportar os custos do SNS que temos, distribuído por todo o País, o melhor seria dar um seguro de saúde a cada Português e que, assim, ficavam todos os problemas resolvidos!

Isto é, admitia que para um Serviço Nacional de Saúde a que todos têm direito, podia não haver dinheiro… mas, para um Seguro de Saúde para cada um … seria tudo mais fácil e mais barato!

Na prática, para o que é mais importante para os Portugueses aí estão os Privados, capazes de satisfazer todas as suas necessidades…e haveria sempre orçamento e, nesses todos poderiam confiar!

Todos sabemos que não é este o filme. Não é esta a realidade.

Cabe ao Governo que temos obrigação de eleger, de acordo com as suas propostas e atentos aos resultados, dirigir o SNS.

Temos obrigação de estar atentos ao que se está a passar, porque como as coisas estão não vamos lá!

O que se passa nos hospitais, e não só, não pode continuar!

Cabe a cada um de nós, enquanto cidadão, consciente dos seus direitos, uma palavra e uma ação.

É também por isso que decidi dar um exemplo do que considero inadmissivel, porque penalizador de utentes e de tantos que aguardam tratamentos a que têm direito.

No IPO, em Lisboa, constata-se uma degradação das instalações para atendimento dos doentes que se deslocam para as consultas, que é inaceitável. Só imaginável em países subdesenvolvidos, para onde parece que estamos a caminhar.

Senão , vejamos: 1) uma minúscula sala de espera, onde não cabiam todos os que aguardavam e que ficavam na rua; 2) espaço exterior mal tratado, onde poderia ser colocada uma cobertura, com bancos; 3) um espaço minúsculo para um secretariado de três funcionárias atenciosas, que mal se mexiam; 4) médicos com espaços de atendimento minúsculos e mal equipados. O aquecimento só dura dois dias por semana. E, se resolverem trazer um aquecedor elétrico, o quadro rebenta.

Se juntarmos a isto a existência de equipamento (aparelhos de radioterapia) que não é utilizado porque não há trabalhadores para isso… dá bem uma ideia dos macro problemas que afetam o nosso SNS e, também, dos micro problemas que a falta de dirigentes capazes e atentos acrescenta

Como dizia o «outro» … o melhor será entregar a saúde dos Portugueses aos privados e continuarmos a ter um SNS só para formar os médicos e enfermeiros para os seus hospitais e clínicas e, ainda, para os «exportar» para os países que, também, pagam óbviamente melhor?

Ou não será tempo de organizarmos o que é nosso em função dos nossos interesses e não ao sabor dos interesses de outros?

Pela minha parte não desisto de opinar e de dizer que por ali não vou!

L. Bettencourt Picanço